Uma perita médico-legista terá que prestar esclarecimentos à justiça por supostas divergências no laudo necroscópico do menino Luiz Otávio Santana de Lima, de apenas 11 anos de idade, assassinado com um tiro na fazenda Furnas em Sidrolândia em Junho deste ano.
Possíveis contradições no exame foram apontadas pelo Ministério Público que solicitou ao juiz do caso que os dados fossem corrigidos, a fim de evitar compreensão equivocada dos fatos. Conforme relatado, foi constatada ferida de 0,5 centímetro de diâmetro que caracteriza entrada de projétil de arma de fogo, localizada na região esquerda das costas. No esquema tal ferimento é denominado “P1”.
Conforme o MPMS, fotografia comprova que o orifício de entrada do projétil se deu do lado esquerdo. “No entanto, o Esquema das Lesões aponta como orifício de entrada o lado direito. Outrossim, foi utilizado o termo P2 para o orifício de saída da P1. Tal denominação deve ser revista, pois pode levar à conclusão equivocada de que houve um segundo projétil”, afirma o MPMS no pedido.
Por sua vez, o juiz Cláudio Müller Pareja, intimou a perita para que prestasse esclarecimentos acerca das divergências. O despacho é do dia 13 de agosto, com prazo de cinco dias úteis, no entanto, ainda não há manifestação da perícia nos autos do processo.
A reportagem do Noticidade conversou com o Delegado da Polícia Civil de Sidrolândia Diego Dantas, “quando recebi esse laudo, analisei que tinha divergências de informação que me parece ser uma falha material, questões de nomenclatura e de lados (direito e esquerdo), possivelmente erros de digitação, porém para fins de materialidade inclusive num futuro júri pode dar contradição na hora de analisar os elementos dos autos, certamente a perita vai apresentar um laudo complementar esclarecendo essas divergências para não haver problema de interpretação no julgamento do acusado”, destacou o delegado que ao perceber a divergência encaminhou a promotoria de Justiça de acordo com o código de processo penal.
O caso – O menino, Luiz Otávio Santana de Lima de 11 anos foi morto vítima de um tiro no abdome. Ivan Alyffer Albuquerque Rocha, de 23 anos é o acusado do crime e foi denunciado por homicídio doloso.
O irmão da vítima, outro menino de 13 anos teria testemunhado o crime e confirmado essa versão a polícia “Ele mandou meu irmão ajoelhar e atirou”, disse o menino.
Conforme informações do Boletim de Ocorrência, os militares foram ao local e na estrada que dá acesso a Fazenda Furnas encontraram uma caminhonete que estava com o menino baleado e com o possível autor que foi contido por familiares e colocado à força no carro. Ao visualizar a viatura policial o autor posteriormente identificado como sendo Ivan tentou abrir a porta do veículo e fugir em direção a mata, sendo contido pelo condutor do veículo e apreendido pela PM.
Conforme relatos das testemunhas, a vítima de 11 anos ainda estaria falando momentos antes da chegada dos militares, dizendo que o autor do disparo seria a pessoa de Ivan, que o mandou ajoelhar em meio a uma mata e depois atirou. Indagado pelos militares, Ivan chorava muito e apenas dizia que não teria feito nada, realizando esta afirmação por todo o tempo em que ficou sob custodia.
Ao chegarem à sede da fazenda Furnas, os militares foram recebidos por Roseli Aparecida Santana de Lourenco, irmã da vítima, que realizou a entrega de uma arma de fogo, calibre 22, artesanal, um coldre de couro contendo 4 (quatro) munições de calibre 22, estando 01 (uma) deflagrada; Roseli disse que Ivan estava com essa arma de fogo e que teria saído para caçar com seus dois irmãos, que são duas crianças, sendo um menino de 13 anos e a vítima de 11 anos de idade; após o ocorrido Ivan teria tentado fugir em meio a vegetação, porém foi contido pelos moradores do local e posteriormente preso.