A Justiça Federal de Mato Grosso do Sul condenou o traficante internacional Fernandinho Beira-Mar, apontado como fornecedor de armas ao Comando Vermelho e como um dos principais distribuidores de cocaína da Bolívia e de maconha do Paraguai no Brasil, a mais 7 anos, 8 meses e 22 dias de prisão e cerca de R$ 70 mil em multa por lavagem de dinheiro por meio de uma empresa de fachada de Ponta Porã, cidade distante 346 quilômetros de Campo Grande. A decisão foi publicada no Diário do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) desta segunda-feira (15).
Segundo a decisão da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Beira-Mar manteve um dos filhos, Felipe Alexandre da Costa, que desde 2017 cumpre pena em Rondônia, morando em Pedro Juan Caballero [Paraguai], responsável pela administração da distribuição de dinheiro da quadrilha. A família usaria a empresa Comercial J.E. Exportadora e Importadora para lavagem de capitais.
Consta como principal atividade da empresa a venda de gêneros alimentícios em Ponta Porã, que segundo o MPF (Ministério Público Federal), não renderiam uma movimentação superior a R$ 31 milhões em pouco menos de dois anos de atividade.
As investigações começaram em 2006, quando Fernandinho Beira-Mar teria se utilizado de celulares para enviar mensagens a números de Mato Grosso do Sul mesmo preso na Superintendência da Polícia Federal de Brasília. Felipe teria informado ao pai sobre pedido de pagamentos diretamente na conta da empresa.
Dessa forma,Fernandinho dava ordens para que o filho e seus subordinados depositassem valores do tráfico na conta corrente da empresa, de preferência de maneira não identificada, para que posteriormente o dinheiro fosse transferido para centenas de contas bancárias e pessoas diferentes, ‘pulverizando’ os ´pagamentos. A movimentação contábil identificou nove pessoas com recebimentos menores que R$ 1,3 milhão de mais de R$ 31 milhões do total levantado pelas investigações.
De Porto Velho a Mossoró
Atualmente, Fernandinho Beira-Mar encontra-se na cela 38 do Presídio Federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ele já é condenado a mais de 300 anos de prisão e foi transferido para o local após ser descoberto que de Porto Velho, mesmo em um presídio federal, continuava a ditar as regras para seu bando por meio de bilhetes e mensagens codificadas.
As orientações, segundo as investigações da PF, eram repassadas ao menos duas vezes por semana. Beira-Mar foi capturado há quase duas décadas nos arredores de um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na selva amazônica.