A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), juntamente com a Itaipu Binacional, Governo de MS, Deputado Federal Vander Loubet, Prefeitura e Câmara Municipal de Vereadores de Maracaju e as Unidades Universitárias de Mundo Novo e Maracaju, entregou duas estufas à Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola de São Miguel, em Maracaju.
O recurso no valor total de R$ 99.326,08, advindo da Itaipu Binacional, possibilitou a aquisição e implantação de duas estufas agrícolas sendo uma de 70 metros quadrados, hidropônica, e a outra de 378 metros quadrados para cultivo no solo de legumes tais como pepino, tomate e couve-flor e pimentão. O investimento beneficiará 60 famílias, totalizando cerca de 300 pessoas que fazem parte da Comunidade, e também atenderá a merenda escolar do município de Maracaju e de Nioaque por meio do Plano de Aquisição de Alimentos (PAA) e pelo Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O Reitor da UEMS, Laércio Alves de Carvalho, destacou que este foi um momento de grande emoção, esperado há mais de um ano pela comunidade do quilombo São Miguel, e demonstra a liderança da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul em projetos que visem utilizar todo o potencial de uma comunidade tradicional como é o caso da comunidade do Quilombo São Miguel.
“Esta comunidade já produz mais de 80% de alimentos para a merenda escolar e a entrega destas estufas irão proporcionar uma transformação na comunidade, visto que é a primeira estufa que a comunidade irá receber e já está implantada e instalada. E essa estufa irá proporcionar para a comunidade um potencial de ampliação de alimentos, não só para a merenda escolar do município, mas também para comercialização e geração de renda para aquela comunidade e também para os nossos alunos uma forma de vivência, estágios, aprendizagens, capacitações na área e em que os trabalhadores e trabalhadoras se dedicam para a produção de alimentos. A UEMS fica honrada de participar deste momento tão especial para a nossa universidade e para o povo de Mato Grosso do Sul, em especial a nossa querida comunidade quilombola de São Miguel, na pessoa do presidente Jaime Gabriel de Souza Flores”, disse o reitor.
Sob liderança do gerente da Unidade de Mundo Novo, Leandro Marra, o projeto surgiu de uma imersão técnica que a UEMS fez com todos os professores da área de Ciências Agrárias da Universidade no Quilombo e detectaram que um gargalo era a produção de hortaliças, pois o quilombo é uma “ilha” no meio de grandes propriedades rurais e acaba recebendo agroquímicos, que consequentemente matam a produção de hortaliças do Quilombo.
“Eles são fornecedores de alimentos para merenda escolar pelo PAA e pelo PNAE, mas em determinada época do ano eles ficavam um pouco sem essa produção. Então, percebendo isso, o Reitor fez um compromisso, em maio de 2023, de viabilizar uma estufa de 120 metros quadrados para a produção de hortaliças no solo. Com a expansão da atuação da Itaipu em MS, a partir de 2023, passou de um município para 35, o que possibilitou o patrocínio da Itaipu para o município de Maracaju com duas estufas, sendo que uma é 3x mais aquilo que o reitor tinha prometido. Agora a comunidade irá conseguir produzir na entressafra, que é aquele período que chove demais, vão conseguir entregar com uma frequência constante para as escolas e um produto de melhor qualidade. Eles têm um potencial enorme de aumentar, triplicar, quadruplicar a produção deles com estas estufas”.
O docente ressalta que a UEMS foi ao encontro das demandas da sociedade e isso foi possibilitado pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com Enio Verri, responsável pela Direção-Geral do Brasil na Itaipu, e no Mato Grosso do Sul, capitaneado pelo Deputado Vander Loubet. “Da nossa parte aqui, enquanto o UEMS Mundo Novo, ficamos muito felizes porque nós fizemos a ponte. Nós estávamos na imersão, presenciamos o Reitor prometer a entrega de uma estufa. Sabedores, através do convênio que a gente já tinha com a Itaipu aqui, de conhecer a itaipu como nós conhecemos, saber o trabalho que o Vander Loubet vem fazendo e até orientando o Vander em algumas coisas também, a gente viu a possibilidade de escrever o projeto. Então a minha equipe sentou e escreveu o projeto. Enviamos para a ltaipu, a Itaipu aprovou, mandou o recurso para a Associação do Quilombo, nós ajudamos também o quilombo a executar o recurso e inclusive a prestar contas. Então ficamos muito felizes com esta contribuição enquanto UEMS Mundo Novo, principalmente como UEMS no Mato Grosso do Sul”, enfatizou o Dr. Leandro Marra.
O Deputado Federal Vander Loubet, ressaltou que para o seu mandato é sempre uma satisfação construir parcerias com a UEMS. “É fundamental esse apoio a projetos que aproximem o conhecimento gerado na academia com as demandas da população. É o caso desse projeto das estufas. Os quilombolas de São Miguel vão poder produzir contando com o apoio e a experiência da Uems, ao mesmo tempo em que proporcionam um espaço de aprendizado para os acadêmicos. Estou orgulhoso de fazer parte disso e de poder destinar recursos para essa finalidade. E o reitor Laércio, o professor Leandro e toda a equipe envolvida merece nossos parabéns”, disse o parlamentar.
O Prefeito de Maracaju, Marcos Calderan, agradeceu a importante parceria da Universidade Estadual com a Prefeitura, por meio deste fomento e estímulo da agricultura familiar, especialmente no quilombo São Miguel. “O quilombo São Miguel já era o principal produtor da merenda escolar de Maracaju e agora com certeza vai ser mais ainda e o principal de tudo gerar renda familiar para aquelas pessoas, motivando cada vez mais a produção e beneficiando toda uma região. E através de tudo isso, também desse projeto, foi conseguido junto à Itaipu Nacional o recurso de R$ 100 mil para a construção das estufas, tanto para hidroponia quanto a estufa convencional, para que permite e viabiliza mais ainda o aumento dessa produção dos produtos em diversas épocas do ano. A prefeitura agradece essa parceria, está sempre à disposição para outros tipos de parceria, especialmente com essa turma de agronomia. É uma grande conquista que tivemos no início da gestão, onde chegou a Maracaju, finalmente o curso de Agronomia que era tão esperado e que é a cara do nosso município, que a vocação do agronegócio, tudo isso vem somando e melhorando a vida das pessoas”, enfatizou o prefeito.
Jorge Henrique Gonçalves Flores, produtor da comunidade e coordenador das comunidades quilombolas de Mato Grosso do Sul da Coordenação Nacional de Quilombolas, agradeceu ao empenho do grupo da UEMS e disse que esse será um projeto de grande importância para a nossa comunidade. “É um começo de um anseio que a comunidade tem há muito tempo, a gente buscava parceria com outros órgãos e nunca a gente conseguiu um apoio tão rápido quanto esse que está acontecendo aqui na comunidade quilombola São Miguel. A parceria com o UEMS foi fundamental para o desenvolvimento da nossa agricultura familiar, onde é que nós trabalhamos com base familiar, onde as pessoas estão, dentro das suas propriedades, produzindo alimento de qualidade para alimentar as crianças com a merenda escolar do programa do PNAE municipal e agora trabalhamos também com o PAA estadual, onde nós atendemos a aldeia Sacuruí e mais umas outras famílias, mais umas 30, 40 famílias da aldeia Sacurui. E com essa estufa que veio para a comunidade, nós vamos estar produzindo muito produto fora da época, porque é uma parte coberta, parte hidropônica. Nós queremos estar desenvolvendo cada dia mais um alimento de qualidade para que estas coisas sejam melhoradas a cada dia, então eu agradeço a parceria que vieram para a comunidade e que vários projetos possam vir, e é um jeito também de fixar as famílias na comunidade, de não precisar sair para trabalhar fora da comunidade”, disse Jorge Flores.
O vereador, Robert Ziemann, enalteceu o trabalho que tem a contribuição do curso de agronomia da UEMS de Maracaju. “Estou muito feliz, porque eu lutei tanto para que pudesse ser viabilizado a implantação do curso aqui no nosso município de Maracaju e ver essa parceria da Universidade Estadual junto com a Itaipu, levando esse benefício ao quilombo, principalmente a comunidade, de modo geral, da agricultura familiar. Vendo ser fortificado esse trabalho, que eu não tenho dúvida, que realmente vai fazer o diferencial na produção principalmente na merenda escolar então quero aqui agradecer ao nosso reitor e a toda a sua equipe em especial a Itaipu por acreditar no curso de agronomia de Maracaju e proporcionar essas duas estufas que vai ser o diferencial para a merenda escolar de Maracaju e principalmente para a comunidade quilombola de São Miguel”, disse o vereador.
O gerente da Unidade da UEMS em Maracaju, Alex Sandro Richter Won Muhlen, ressaltou que a UEMS está fazendo parte de uma entrega para a comunidade de estufas de primeiro mundo, todas irrigadas e automatizadas. “A UEMS fazendo a sua parte, se aproximando da comunidade cada vez mais, atendendo demandas e atendendo aquilo que é a missão dela, principalmente com relação à extensão. Vai ser interessante, porque vai ser um campo que a gente abre aí para atuação dos alunos do curso de agronomia da UEMS. Já tem grupos de alunos do Turismo de Dourados que estão trabalhando com eles, que tem potencial de ecoturismo também, tem algumas cachoeiras na propriedade que eles estão viabilizando explorar em forma de turismo, o pessoal da pedagogia também tem feito trabalhos com eles, então a gente está bem próximo deles”, destacou o docente.
O coordenador do curso de Agronomia da UEMS/Maracaju, Marcos Antonio Camacho da Silva, ressaltou que essa aproximação da Universidade e do curso de Agronomia com o quilombo vai ser muito importante, porque há uma possibilidade real de contribuição para a melhoria de vida das pessoas do quilombo, por meio da produção rural. “Ao meu ver é o grande diferencial dessa interação que com certeza dará bons frutos! Nessa visita que nós fomos lá, inclusive, eu levei diversos alunos para fazer um primeiro contato, fazer algumas perguntas, uma atividade de extensão, para fazer um levantamento de demanda, do que tem de conhecimento dos produtores lá vinculados. E o que a gente percebeu é uma necessidade muito grande de assistência e extensão rural diretamente com essas pessoas do quilombo. Porque eles têm conhecimento de produção mais tradicional, mas esse conhecimento muitas vezes pode ser melhorado ou se tornar mais eficiente, tanto do ponto de vista de aumentar a produtividade como também melhorar a renda e melhorar os produtos gerados no quilombo”, destacou o docente.