O poder Judiciário de Mato Grosso do Sul acatou em partes o pedido da polícia de conversão na prisão do ex-prefeito Maurílio Azambuja (MDB) de temporária para preventiva. Ele vai cumprir prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica.
O ex-prefeito de Maracaju é acusado de chefiar um esquema que desviou mais de R$ 23 milhões dos cofres públicos do município. A delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), queria a prisão de Maurílio na cadeia, contundo a justiça relaxou essa medida.
Segundo o advogado, Rodrigo Dalpiaz, a prisão domiciliar ocorreu por ser idoso e acometido de comorbidades. "Podendo ter contato apenas com familiares e comigo", informou o advogado que afirmou que Maurílio não falará sobre o caso, apenas quando se iniciar a tramitação da ação penal porque estará delimitada a imputação a ele atribuída.
O ex-prefeito passou a manhã de segunda-feira (27) depondo na sede do Dracco, onde negou as acusações. Ele disse que “deu autonomia” aos secretários e pensava que os cheques assinados por ele eram enviados para uma conta reserva, destinada ao pagamento dos funcionários.
Ele disse que sabia da existência da conta irregular e chegou a assinar alguns cheques, mas acreditava que os valores seriam destinados a uma reserva financeira para pagar folha e fornecedores. Segundo ele, deu autonomia a três funcionários para fazer pagamentos abaixo de R$ 100 mil, que confiava neles e, por isso, apenas conferia valores e assinava cheques sem questionar o destino. Eram eles o ex-secretário de Fazenda e Administração Lenilso Carvalho Antunes, a ex-diretora do Departamento de Tesouraria Diana Cristina Kuhn e o técnico em edificações e integrante da Comissão Permanente de Licitações do município, Edmilson Alves Fernandes.
Conforme o depoimento, Maurílio garantiu que não controlava a equipe, não cuidava a aplicação das verbas, sempre assegurou a liberdade dos assessores e só agora, com a operação policial, descobriu as irregularidades, mesmo sendo ele o responsável por abrir a conta paralela, que nunca foi informada aos órgãos oficiais.
A versão do ex-prefeito, no entanto, não convence a polícia, que agora segue em busca de novos envolvidos no esquema e também procura o ressarcimento do dinheiro desviado do município.