Publicado em 16/01/2019 às 16:26,
A cada um real investido em ciência e tecnologia, o retorno é de 20 reais para a sociedade. O dado, da Universidade de São Paulo, foi apresentado pelo presidente da Fundação MS, Luciano Mendes, durante abertura do Showtec 2019, nesta quarta-feira (16), em Maracaju, na sede da Fundação MS, com a presença de produtores rurais, lideranças do setor e autoridades. O evento segue até o dia 18 de janeiro, com mais de 100 estandes e exposições de novas tecnologias e ferramentas para facilitar o cotidiano rural.
Mendes continuou sua fala destacando o aumento de área em determinadas culturas. Ele citou o exemplo da cultura do milho, que registrou crescimento de 300%. |Na soja, houve aumento de 192% de área e um ganho de produtividade de 497%. Quando investimos em tecnologia e conhecimento, passamos a precisar de menos área para produzir. Isso faz com que o Brasil, com 8% de sua área destinada a agricultura, seja uma vitrine integrada para o mercado internacional|, afirma.
O presidente da Fundação MS também comentou sobre a estratégia de capturar demanda e depois devolver ao produtor através de difusão de tecnologia, resultando no Showtec. O produtor que utiliza técnicas modernas de plantio direto e pratica uma agricultura eficiente trabalha também na preservação do meio ambiente.
Já o presidente do Sistema Famasul, Maurício Saito, reiterou que o MS é hoje um dos seis estados do Brasil com projeção de aumento do PIB em 2019. |Se hoje o produtor consegue produzir, em média, 60 sacos por hectare em Mato Grosso do Sul, isso deve-se a pesquisa e a tecnologia|, argumenta. O poder público, segundo Saito, tem possibilidade de ter maior arrecadação graças ao incremento utilizado pela tecnologia via produtor rural. |Por isso, sou grande incentivador a eventos como esse, que tem como foco compartilhar conhecimento e levar aos produtores novas formas de produzir mais e com sustentabilidade|.
O presidente da Aprosoja/MS, Juliano Schmaedecke, falou sobre o momento difícil vivido por alguns produtores de soja no Estado, por conta da estiagem que durou cerca de 20 dias, principalmente no Sul do Estado. |No entanto, graças ao trabalho realizado pelas instituições de pesquisa, o produtor rural passa a ter mais segurança para produzir, fazendo com que o prejuízo não seja maior. A expectativa da Aprosoja/MS é de que a colheita ultrapasse 8,9 mil toneladas em MS|.
O superintendente do Sicredi Brasil Central, Celso Figueira, apontou, durante a abertura, a necessidade de se investir no agronegócio, na difusão de tecnologias. |O patrocínio financeiro não é focado apenas em resultados econômicos para as instituições que investem no setor, mas em agregar renda ao produtor rural e a comunidade|, disse.
A cerimônia de abertura contou também com discurso do presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa. |Aos 46 anos de criação da Embrapa, o mundo mudou, e vai mudar muito mais. A agricultura mudou e a Embrapa está mudando para apoiar o setor agrícola do Brasil. A agricultura é o nosso negócio. E o agricultor é o nosso cliente. Vamos estar sempre juntos, voltados para os problemas de hoje, para continuarmos produzindo alimento farto, seguro de boa qualidade. Isso se dá por meio da sustentabilidade e para isso, uma das ferramentas é a recuperação de áreas degradadas, onde há tecnologias que possibilitam duplicar a área da agricultura brasileira|.
Representando a ministra da agricultura, Tereza Cristina, esteve presente no evento o secretário nacional de inovação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo. Ele explicou a ausência da ministra, que devido a compromissos em Brasília, não pôde comparecer à Feira. Camargo destacou que problema atual do Brasil está ligado a produtividade. |O País cresce pouco porque tem baixa produtividade em vários setores, como comércio e serviços, e indústria. Mas no agro, o Brasil é campeão nesse quesito e os números evidenciam esse cenário|. Ele citou algumas projeções para este ano, como 240 milhões de toneladas de grãos, 640 milhões de toneladas de cana, 62 milhões de toneladas de café, 20 milhões de toneladas de carne. O Brasil é um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo.
Por fim, o governador Reinaldo Azambuja disse em seu discurso que a pesquisa ajuda muito o setor produtivo. |O produtor procura pela pesquisa para ganhar em produtividade. E o Brasil deve ao setor agropecuário brasileiro, que sustentou o País durante os períodos de crise econômica. Os governos têm obrigação de diminuir as amarras que travam o setor produtivo. Uma das maneiras é melhorar a logística e o desenvolvimento dos portos, rodovias e ferrovias, para enfrentar a competitividade internacional. Outro ponto é diminuir a burocracia|.
Oportunidade para novos negócios
Durante a cerimônia, foi anunciada ainda a reabertura da linha crédito voltada para o meio rural e empresarial, o FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste), no valor inicial de R$ 1,873 bilhão. Com esta medida, produtores rurais e empresários poderão retomar negociações para novos investimentos no segmento, podendo ampliar e modernizar suas atividades produtivas.
Conforme o superintendente regional do Banco do Brasil, Adriano Henrique da Silva Boigues, as linhas de crédito são importantes para consolidar o trabalho do agronegócio e potencializar os resultados da cadeia produtiva. |Os visitantes da feira poderão aproveitar essa oportunidade para investir em máquinas, ferramentas para correção do solo, dentre outras tecnologias disponíveis para melhor rendimento do produtor|, destaca.
Boigues confirma que as condições do financiamento deste ano serão as mesmas de 2018. |Não houve alteração para as linhas de crédito rural e empresarial|. Dessa forma, haverá continuidade das soluções digitais oferecidas pelo Banco do Brasil, a Esteira Agro BB, linhas de crédito especiais, além de vantagens em parcerias.
Os juros baixos são os principais atrativos dos recursos disponibilizados via FCO. No setor rural, variam de 5,21% a 6,76% ao ano. O limite financiável é de até 100% do valor proposto, a depender do porte do produtor e o teto de financiamento é de R$ 30 milhões.
Redação – Noticidade