Publicado em 05/01/2017 às 16:23,
Ex-funcionária do Parque Tarsila do Amaral, complexo esportivo capitaneado pela Funesp (Fundação Municipal de Esporte) situado no Jardim Vida Nova, na saída para Cuiabá, denunciou o encarregado do local por ele ter tirado as etiquetas de móveis como armários de ferro, cadeiras e mesas, instrumentos esportivos, como traves de futebol, que identificava-os como bens da prefeitura de Campo Grande, e negociados com uma empresa que compra ferro-velho.
O caso, segundo a ex-funcionária, que teria sido demitida por denunciar o chefe, disse ainda que sofreu ameaças pelo episódio. Ela informou também que a queixa foi noticiada ao MPE-MS (Ministério Público Estadual), Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande) e à Funesp, em agosto de 2016. A Prefeitura negou a acusação. A venda dos móveis ocorreu em junho do ano passado.
A ex-funcionária, que preferiu não ver o nome publicado no jornal, disse ter trabalhado por período de um ano e nove meses para a Prefeitura por meio do Proinc (Programa de Inclusão Profissional).
Este programa foi criado para trabalhadores desempregados para preenchimento imediato, em caráter de urgência e para prestação de serviços voluntários de atividades, como a de limpeza de vias públicas, praças e logradouros.
Diz na denúncia, entregue à Funesp, MPE e a Funsat, que age como intermediária nos empregos captados por meio do Proinc, que seu chefe direto era Rony Carlos de Melo, e também que ele seria o responsável pela venda dos materiais do Parque Tarsila do Amaral para uma empresa de ferro-velho.
“Ele [Rony] pediu para tirarmos as etiquetas dos móveis que iam ser vendidos. Disseram-me que o dinheiro recebido do ferro-velho seria para comprar material de limpeza para o Parque”, sustentou a ex-funcionária.
Ainda segundo a denúncia, a ex-funcionária, “por saber demais”, passou a ser maltratada pela chefia. “Ele [chefe] gritava comigo”, disse a denunciante que foi até a sede da Funsat, onde relatou o caso.
Depois de narrar sobre o caso do negócio firmado com a empresa do ferro-velho, ela contou o episódio da ameaça.
“... diante da situação, ciente ilicitude [tirar as etiquetas do patrimônio público], recorri as vias administrativas para solucionar o problema”, diz trecho da denúncia.
“Como se já não bastasse, foi ameaçada pelo Sr. Luiz Alberto Algaranhes Antunes, [disse a ela] que seria processada caso não entregasse a ele as provas da autoria do fato”, cita outro trecho do depoimento da ex-funcionária.
O nome dito na declaração é de Luiz Alberto Antunes, conhecido como Melão, que foi o diretor-presidente da Fundação Municipal de Esporte.
“Após esses fatos, fui desligada de minhas funções em virtude do ocorrido, vez que o flagrante prejudicaria a situação do Sr. Rony”, disse a ex-funcionária, desempregada desde junho de 2016, que acrescentou: “me deram R$ 500,00 apenas de indenização, dinheiro dos dias trabalhados, gostaria de ao menos receber por meus direitos, afinal, denunciando este caso estou exercendo meu papel de cidadã|.
OUTRO LADO
A reportagem foi até o Parque Tarsila do Amaral e lá conversou com Rony Carlos de Mello, o encarregado pelo local em boa parte do ano de 2016.
Ele negou que tenha negociado bens do Parque com empresa de ferro-velho e que a ex-funcionária em questão saiu do emprego por “faltar demais aos expedientes”. Rony informou também que no local já trabalhou em torno de 25 trabalhadores por meio do Proinc, mas que até o fim do ano passado o efetivo era de 12 pessoas.
Rony Mello não quis tratar detalhes da denúncia, contudo, orientou a reportagem a procurar a direção da Funesp.
Já um dos diretores da fundação, na gestão de Alcides Bernal (PP), que identificou-se como Leandro, disse que a assessoria de imprensa ia tratar do caso.
A reportagem foi também ao endereço da empresa que teria comprado os materiais sucateados do Parque, a J.J. Reciclagem, que fica a umas duas quadras do centro esportivo, no Jardim Vida Nova.
O dono do local, João José, disse que desconhecida o negócio, o de que sua empresa havia comprado |alguma coisa| do Parque Tarsila do Amaral. No entanto, ele afirmou não ter controle de onde sai as sucadas compradas. Ele completou que negocia com pessoas que não são seus empregados, que catam as sucadas pela região.
Nos papeis que produziram a denúncia, aos quais o Jornal Midiamax teve acesso, aparecem fotografias da empresa de reciclagem e dos móveis que tinham sido vendidos. No entanto, a reportagem notou que os materiais sucateados em questão não estão no pátio da J.J. Reciclagem e, sim, num outro imóvel, perto dali, que pertence à prefeitura.
NOTA
A assessoria de imprensa da prefeitura da administração de Bernal emitiu uma nota acerca da denúncia, onde sustenta que:
|A Funesp esclarece que a denúncia de venda dos objetos é improcedente. As cadeiras e demais objetos sucateados que estavam no Parque Tarsilla do Amaral foram baixados do patrimônio municipal, seguindo processo administrativo e o descarte posteriormente realizado pela Seintrha [secretaria de Infraestrutura].
Com relação à referida servidora do Proinc, a mesma foi demitida por não comparecer ao local de trabalho e as denuncias realizadas por ela ocorreram posterior ao seu desligamento.
Ressaltamos ainda que todas as informações sobre a denúncia foram respondidas ao MPE – Ministério Público Estadual|.
Campo Grande News