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Em 6 meses, morte leva protagonistas de rivalidade histórica de MS

Um estado novo, mas que herdou o “caciquismo” do vizinho do Norte, Mato Grosso do Sul viu sua história política se cruzar por longo anos em dois nomes: Wilson Barbosa Martins e Pedro Pedrossian, ambos falecidos num intervalo de seis meses. Pedrossian faleceu em 22 de agosto do ano passado, aos 89 anos. Wilson faleceu nesta terça-feira, aos 100.

Na década de 1980, os ex-governadores eram o retrato do antagonismo político, numa rivalidade que fez história.

Wilson, que morreu aos 100 anos nesta terça-feira (dia 13), foi o primeiro governador eleito do Estado. Em 1983, ele sucedeu Pedrossian no comando de Mato Grosso Sul, que estava no cargo por nomeação. A mesma situação iria ocorrer em 1995, quando Wilson voltou ao governo, substituindo novamente Pedrossian, que desta vez havia sido eleito pelo voto.

“Foi uma questão política momentânea, tinha a rivalidade MDB versus Arena”, conta Heitor Freire, que foi coordenador-geral de comunicação social no governo de Pedrossian. Ele avalia que o antagonismo entre os líderes políticos ganhou lente de aumento da imprensa.

“A imprensa procurava explorar essa situação e colocar uma lente de aumento sobre os antagonismos. Muitas vezes, só registra. Outras vezes, tem essa tendenciosidade”, afirma.

Ao visitar a memória, observa que o estilo era cada um na sua. Heitor relembra que Plínio, irmão de Wilson, foi candidato a senador em 1978. Mas o cargo ficou com Pedrossian.

Outra lembrança vem de março de 1983, na posse de Wilson, que assumiria o governo no lugar de Pedro Pedrossian. “O doutor Pedro resolveu fazer um discurso. O Wilson respondeu de forma contundente, enfático. Se sentiu agredido pelo que o Pedro falou e respondeu na lata”, diz.

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Freire conta que também conviveu por anos com Wilson Barbosa Martins, que também era associado. “Convivi muito tempo com o doutor Wilson. Conversava com ele, que nunca manifestou posição de revolta contra o Pedro”, afirma.

Cientista político, Tito Carlos Machado de Oliveira, que trabalha num livro sobre o governo Pedrossian, chegou a questionar a rivalidade. “A opinião era sobre o governo do Wilson, que não achou nenhum espetáculo. Ele tinha muitas reservas em termos de importância para o Estado”, diz.

Contudo, frisa que Pedrossian, quando questionado, nunca foi descortês em relação a Barbosa Martins. Pedro Pedrossian morreu em agosto do ano passado, aos 89 anos.

Campo Grande News