A conclusão da indústria de processamento de milho da chinesa BBCA, instalada em Maracaju, segue sem previsão de término, já se passaram três anos desde o início da obra orçado inicialmente em US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 3 bilhões).
Fruto de um acordo de cooperação firmado entre o governo do Estado, o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) e o Grupo BBCA, a indústria esmagadora de milho começou a ser edificada em uma área de aproximadamente 320 hectares. A unidade terá capacidade para processar até 1,2 milhão de toneladas de grão. Quando iniciar a operação, a fábrica deve gerar em torno de mil empregos – 600 diretos e 400 indiretos.
A titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Maracaju (Sedema), Renata Azambuja Miranda, não crê que a BBCA possa abandonar a obra. Por enquanto, apenas dois armazéns, um barracão e 30 casas com 60 habitações para trabalhadores estão prontos no local. As vias de acesso ao complexo também estão finalizadas.
“As obras estão paradas. A construção gerou uma expectativa muito grande no município, pelo tamanho do investimento. A empresa ficou de nos entregar um estudo com o perfil dos funcionários que eles querem, para a gente poder capacitá-los, mas ainda não entregaram”, diz.
O projeto da BBCA em Maracaju se arrasta desde 2013, quando a empresa visitou e confirmou que a cidade receberia o empreendimento. O lançamento oficial da construção da indústria se deu dois anos mais tarde.
Procurador-geral de Maracaju, Pedro Pessatto cita a instabilidade política e econômica do País nos últimos três anos como uma das causas para a morosidade na construção da planta. “Quando eles anunciaram o investimento, o dólar estava cotado na metade do que é cotado hoje. E o recurso da empresa é todo internacional”, justifica.
DEMORA - Em agosto de 2016, a perspectiva da BBCA era dar partida na indústria no segundo semestre do ano seguinte. Três meses depois, a previsão foi adiada para janeiro deste ano. Agora, os chineses trabalham para concluir as obras até o fim de 2019.
A BBCA chegou a alegar dificuldades em manter a construção em decorrência da necessidade de um novo aporte financeiro e conflitos entre a empresa e o governo brasileiro para trazer equipamentos e mão de obra da China.
A lei brasileira permite que somente 30% da mão de obra possa ser “importada” e, independentemente da origem, a empresa deve seguir a legislação trabalhista vigente no Brasil. No caso de maquinários e equipamentos, o País só concede descontos nos tributos para importação quando não existem similares no mercado nacional.
A reportagem buscou respostas com o escritório da BBCA em Campo Grande, mas não houve retorno até o fechamento deste texto. Informações extraoficiais dão conta de que o grupo está se movimentando para trazer operários chineses e equipamentos. Uma empresa de Vitória (ES) também teria sido contratada para fazer a parte elétrica do complexo.
AMBIÇÃO - Em anúncios anteriores, a BBCA afirmou que a fábrica de Maracaju será uma unidade industrial química a partir do processamento do milho e da cogeração de energia.
Além de 1,2 milhão de toneladas de milho, o projeto prevê a capacidade de produção anual de 150 mil toneladas de ácido cítrico, 60 mil toneladas de xarope de maltose, 300 mil toneladas de amido de milho, 60 mil toneladas de dextrose cristalina, 150 mil toneladas de lisina e outros subprodutos relacionados. A capacidade levará a chinesa ao topo da produção mundial de ácido cítrico, além de consolidar o grupo como um dos maiores produtores de vitaminas A, B, C e E.
Em uma próxima etapa, os chineses projetam processar 1 milhão de toneladas de soja por ano, bem como 170 mil toneladas de óleo de soja e 810 mil toneladas de pasta de feijão. (Com informações do Correio do Estado)
Rallph Barbosa – Noticidade