uando o diagnóstico de morte cerebral foi confirmado e a família de João Carlos Benites Fernandes, de 17 anos, foi abordada pela equipe da central de transplantes na Santa Casa, a mãe do adolescente não pensou duas vezes e autorizou a doação de órgãos. Eliana Benites, de 40 anos, conta que fazia pouco tempo que o filho tinha dito à família que queria que doassem seus órgãos, logo depois de assistir a uma matéria em um telejornal.
O garoto foi baleado na cabeça durante baile funk no Jardim Itamaracá, na madrugada de sexta-feira (31) e teve diagnóstico de morte cerebral neste sábado (1º). A captação dos órgãos aconteceu ontem à noite e na madrugada pacientes que esperavam pela chance de continuar vivendo na fila dos transplantes passaram pelas cirurgias.
João fez história. É o primeiro doador de pulmão de Mato Grosso do Sul. Uma equipe do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo (SP) fez a captação do órgão, que salvou a vida de uma mulher, de meia idade, que tem fibrose cística – doença que faz os pulmões atrofiarem.
“Mataram meu filho, mas alguém vai viver com um pedacinho dele”, afirmou a mãe do menino ao Campo Grande News.
Emocionada, Eliana que foi fácil tomar a decisão. “Ele achava o gesto muito bonito. Eu só não imaginava que seria tão cedo, mas quando eu entrei com ele na ambulância e pensei que tinha perdido meu filho, doar os órgãos dele já passou pela minha cabeça”.
Eliana diz que apesar da tristeza, autorizar a doação, trouxe alento. “Me confortou muito. Estou feliz porque meu filho está num lugar melhor. Ele sempre foi sorridente, não gostaria de me ver triste.
João Carlos era o caçula dos cinco irmãos e trabalhava desde fevereiro com a mãe na padaria do bairro Itamaracá. “Era meu bebê”.
A mãe afirma que agora vai buscar justiça. “Foi ouvida pela polícia e me disseram que já tem um suspeito. Quero ele preso para ele não tirar mais a vida de ninguém. Hoje foi meu filho. E amanhã?”.
Transplantes – A cirurgia de substituição dos pulmões é complexa e exige trabalho ágil das equipes de transplantes, por isso é um pouco mais rara que os procedimentos de rins, fígado, córneas. Os pulmões não podem passar mais do que seis horas fora do corpo humano.Oswaldo Gomes Junior, o médico responsável pelo transplante dos pulmões de João Carlos, explica que foi avisado do caso por volta das 19h de ontem. “Quando somos notificados, acionamos toda a equipe multidisciplinar. Verificamos a compatibilidade sanguínea e do tamanho dos pulmões com os pacientes da fila”, detalha.Ainda conforme o cirurgião torácico especialista em transplante pulmonar, testes são feitos no hospital onde está o paciente com morte cerebral – a capacidade de oxigenação dos pulmões e exames de raio-x são enviados para a equipe responsável pelo transplante.Se o órgão está em bom estado e há receptor compatível, a equipe de desloca até o local onde será feita a captação. “Fazemos mais exames e nisso, o paciente que vai receber já tem de estar sendo preparado no centro-cirúrgico. Quando confirmamos que será feita a captação, a equipe que está em São Paulo já começa os procedimentos”, completa o médico.Junior conta que a cirurgia no Incor terminou no fim da manhã deste domingo e que a paciente passa bem. “Ela era uma paciente que precisava viver no oxigênio e sentia falta de ar ao menor esforço físico, ao pentear o cabelo, tomar banho. A fibrose cística é muito incapacitante”, relata.No ano passado, segundo o médico que comanda uma das principais equipes de transplante de pulmões do país, foram feitas 50 cirurgias em São Paulo e cerca de 30 em Porto Alegre (RS). “É um trabalho complexo, porque os pulmões são órgãos que tem contato com o meio externo, é difícil encontrar o órgão em perfeito estado, para viabilizar um transplante”.Ele afirma que, entretanto, atitudes como a da família de João Carlos são exemplo. “Mais de 70% das pessoas não discutem a doação em casa e quem autoriza é a família, por isso é importante falar sobre o assunto. Estatisticamente, é cinco vezes mais provável depender de um transplante do que se tornar um doador”.Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, um homem, de 40 anos, morador de Três Lagoas, recebeu os rins do adolescente e as córneas ficarão no banco de doações do hospital.Morto por engano – Na sexta-feira, João participava de uma festa quando dois homens efetuaram disparos e fugiram, um deles já foi identificado. De acordo com testemunhas, é provável que o adolescente tenha sido atingido por engano.
Transplantes – A cirurgia de substituição dos pulmões é complexa e exige trabalho ágil das equipes de transplantes, por isso é um pouco mais rara que os procedimentos de rins, fígado, córneas. Os pulmões não podem passar mais do que seis horas fora do corpo humano.
Oswaldo Gomes Junior, o médico responsável pelo transplante dos pulmões de João Carlos, explica que foi avisado do caso por volta das 19h de ontem. “Quando somos notificados, acionamos toda a equipe multidisciplinar. Verificamos a compatibilidade sanguínea e do tamanho dos pulmões com os pacientes da fila”, detalha.
Ainda conforme o cirurgião torácico especialista em transplante pulmonar, testes são feitos no hospital onde está o paciente com morte cerebral – a capacidade de oxigenação dos pulmões e exames de raio-x são enviados para a equipe responsável pelo transplante.
Se o órgão está em bom estado e há receptor compatível, a equipe de desloca até o local onde será feita a captação. “Fazemos mais exames e nisso, o paciente que vai receber já tem de estar sendo preparado no centro-cirúrgico. Quando confirmamos que será feita a captação, a equipe que está em São Paulo já começa os procedimentos”, completa o médico.
Junior conta que a cirurgia no Incor terminou no fim da manhã deste domingo e que a paciente passa bem. “Ela era uma paciente que precisava viver no oxigênio e sentia falta de ar ao menor esforço físico, ao pentear o cabelo, tomar banho. A fibrose cística é muito incapacitante”, relata.
No ano passado, segundo o médico que comanda uma das principais equipes de transplante de pulmões do país, foram feitas 50 cirurgias em São Paulo e cerca de 30 em Porto Alegre (RS). “É um trabalho complexo, porque os pulmões são órgãos que tem contato com o meio externo, é difícil encontrar o órgão em perfeito estado, para viabilizar um transplante”.
Ele afirma que, entretanto, atitudes como a da família de João Carlos são exemplo. “Mais de 70% das pessoas não discutem a doação em casa e quem autoriza é a família, por isso é importante falar sobre o assunto. Estatisticamente, é cinco vezes mais provável depender de um transplante do que se tornar um doador”.
Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, um homem, de 40 anos, morador de Três Lagoas, recebeu os rins do adolescente e as córneas ficarão no banco de doações do hospital.
Morto por engano – Na sexta-feira, João participava de uma festa quando dois homens efetuaram disparos e fugiram, um deles já foi identificado. De acordo com testemunhas, é provável que o adolescente tenha sido atingido por engano.
Campo Grande News