A vestibulanda de medicina Beatriz Kalinati Sol, completou 18 anos em grande estilo, esbanjando beleza e deixando registrado sua etnia Terena em um ensaio fotográfico em homenagem a sua Aldeia.
Ela fez aniversário em 29 de novembro, quando escolheu o fotógrafo Luan Saraiva de Campo Grande, para registrar o momento que ela considera de 'fechamento de um ciclo'. "É como se eu tivesse terminando um momento e começando outro, eu quero correr atrás de passar do vestibular, para que eu consiga ingressar em medicina", disse a jovem.
Ela vive em Campo Grande atualmente, em uma casa de seus pais, que são professores na Aldeia Água Azul, localizada na divisa dos municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, no interior de Mato Grosso do Sul, onde Beatriz foi alfabetizada.
"Eu fiz o ensino fundamental lá e vim fazer o ensino médio na Capital. Digamos, que em busca de um ensino melhor, porque lá o ensino é com a língua (originária)", disse Beatriz.
Orientada pelo pais que são professores de pedagogia e língua portuguesa, Beatriz foi aos 14 anos para Campo Grande, quando morou com uma tia e posteriormente foi morar na casa comprada pelos pais. Na Capital, Beatriz concluiu o ensino médio e decidiu neste ano prestar vestibular à uma das mais importantes profissões neste momento da história da humanidade. "Eu quero prestar vestibular, na UF.. na UEMS... minha preparação mira 2021, o Enem, tudo que eu puder fazer", externou.
O fotógrafo Luan comentou numa rede social que se sentiu privilegiado ao ser convidado pela jovem para fazer o ensaio com a temática de valorização dos terenas. "(sic) Ela me procurou pra eternizar uma transição da vida dela rumo a maioridade e finalização do ensino médio. Me senti honradíssimo por isso! Estou há muitos anos querendo fazer essas fotos e tive a honra de ser escolhido para registrar um pouco dessa cultura maravilhosa! Obrigado demais por confiar no meu trabalho e topar minhas loucuras nas selvas campo-grandenses", destacou o profissional.
Já Beatriz, destacou que seu encanto pela fotografia e amor pelo povo motivou ela a fazer o ensaio. "Eu acho incrível, é uma forma linda de retratar um momento que vai ficar gravado... isso é espetacular", avaliou.
OS TERENAS - MS abriga uma das maiores populações indígenas do país. Os Terena, por contarem com uma população bastante numerosa e manterem um contato intenso com a população regional, são o povo indígena cuja presença no estado se revela de forma mais explícita, seja através das mulheres vendedoras nas ruas de Campo Grande ou das legiões de cortadores de cana-de-açúcar que periodicamente se deslocam às destilarias para changa, o trabalho temporário nas fazendas e usinas de açúcar e álcool.
Essa intensa participação no cotidiano sul-mato-grossense favorece a atribuição aos Terena de estereótipos tais como “aculturados” e “índios urbanos”. Tais declarações servem para mascarar a resistência de um povo que, através dos séculos, luta para manter viva sua cultura, sabendo positivar situações adversas ligadas ao antigo contato, além de mudanças bruscas na paisagem, ecológica e social, que o poder colonial e, em seguida, o Estado brasileiro os reservou.
Com uma população estimada em 16 mil pessoas em 2001, os Terena, povo de língua Aruák, vivem atualmente em um território descontínuo, fragmentado em pequenas “ilhas” cercadas por fazendas e espalhadas por sete municípios sul-mato-grossenses: Miranda, Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nioaque e Rochedo.
À reportagem, Beatriz contou que a fotografia em alusão ao povo traduz seu amor e gratidão. "Sou muito grata com todas e todos de lá, que me ajudaram a chegar até aqui. Com esse ensaio feito pelo Luan eu quero muito homenagear minha gente e, também, um modo de dizer que quero ir bem mais longe", disse.
Luan diz que pretende continuar trabalhos com Beatriz, dessa vez na Aldeia, já que nesse primeiro momento devido a Covid-19 o ensaio teve que ser realizado em um parque da Capital. (Com informações do MS Notícias)